
Millennials: menos tabus e menos sexo
A forma como os padrões de beleza influenciam a sexualidade e até a vida sexual dos jovens millennials
Por Alvaro Gadelha, Bruna Sales, Gabriela Girardi, Giulia Gianolla e Leonardo Amaral

O corpo é o nosso templo sagrado, nosso aparelho de sentir. Desde os primeiros anos de vida, temos contato com o beijo, o arrepio, o abraço, nosso próprio toque, o alheio etc. Este templo, não há como negar, enfrenta cada vez mais tabus para servir “caixinhas” e padrões: depilação, estrias, manchas, cicatrizes, sobrepeso e obesidade, estatura, cor, tamanho dos seios ou do pênis, atuação sexual, corpo perfeito pós-maternidade etc. Que tipo de sobrevalorização (ou subvalorização) é essa que domina a maneira como nos relacionamos com os outros e, até pior, com nós mesmos?
A sexualidade, tão em voga entre os millennials, é a primeira a ser posta em xeque. Ela não remete apenas ao sexo em si. É mais importante que isso, pois determina como se desenrolará toda a experiência sexual. Ou seja, é um aglomerado de comportamentos que vão definir a nossa satisfação (ou não) e o nosso desejo. Quando os tabus se envolvem nesse contexto, fica fácil visualizar a barreira que se instala entre o sexo e o prazer.
“Eu sentia que não estar totalmente no padrão faria com que os caras não sentissem atração por mim. Nisso, criei um bloqueio que me fazia acreditar que ninguém queria ter nada comigo.”
Bruna Miato, 19 anos, estudante de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero.
“Uma coisa que sempre ficou na minha mente era a insegurança em relação a meu corpo. Já cheguei ao ponto de ignorar investidas de uma ficante por ser inexperiente, o que seria motivo de chacota se eu expusesse.”
Júlio Magalhães, 20 anos, jovem universitário da Federal do Rio de Janeiro que cursa Ciências Biológicas.
É claro que a geração esmagada por essa pressão social também busca formas de combate. O que não faltam em várias redes sociais são influencers digitais e páginas que estimulam e apresentam todo o processo, individual ou não, de aceitação do corpo. A positividade corporal, do inglês body positive, é mais que um compilado de posts, é um movimento social. No entanto, talvez o seu alcance ainda não seja suficiente.
“Embora eu ache que as redes sociais têm uma influência forte e importante para diminuir os tabus do corpo relacionados aos padrões de beleza, estes ainda ainda influenciam muito. Eles interferem na liberdade que as pessoas têm com o seu corpo para que ele seja desejado por outras pessoas”, pontua Ana Canosa, psicóloga clínica, terapeuta e educadora sexual e também influencer digital (@anacanosa).

Para ela, tudo o que vê sobre estrias, estar acima do peso, manchas e coisas mais concretas com relação às genitais (como tamanho do pênis, formato da vulva, hipertrofia dos pequenos lábios) influencia na maneira como a pessoa se coloca na sexualidade, para obter prazer e poder se entregar.
Para contribuir com o entendimento desse quadro caótico, ainda é preciso lembrar de um assunto que vem repercutindo há um tempo: os millennials estão transando menos.
Um estudo científico da doutora Jean Twenge, professora e pesquisadora da San Diego State University, descobriu que os millennials relatam ter menos parceiros sexuais que a Geração X (nascidos entre os anos 1960 e 1980) e mesmo os baby boomers (1940 a 1960) na idade deles. E um relatório de 2015 do Center For Disease Control and Prevention, uma agência de saúde pública nos Estados Unidos, descobriu que menos pessoas de 15 a 19 anos relatam ter experimentado coito se comparadas às gerações anteriores.
Ana Canosa pede cautela quanto a afirmar categoricamente que existe uma relação geracional com a prática do sexo. “É importante reforçar que o que temos de pesquisa nesse assunto são produções norte-americanas, europeias e algumas asiáticas, porque ainda não tem nenhum estudo no Brasil sobre”, alerta. Clinicamente, a sexóloga notou que cada vez mais cedo tem recebido casais disfuncionais, isto é, que apresentam queixas sexuais de desejo. Nesse cenário, o que mais chama a atenção da especialista é a percepção do desejo ser muito intenso logo no começo das relações e findar muito antes, mais rapidamente.
“Se antigamente atendia um casal que estava casado há quatro, cinco anos com queixas de falta de desejo, hoje tenho casais de namorados com oito meses de relação com essa baixa”, conta a psicóloga.
Será que as pessoas estão buscando mais rapidamente o especialista de sexo e por essa razão estão apresentando a baixa de desejo tão cedo? Mas, e os casais que não procuram profissionais? E os solteirões, com seu sexo casual?
Ana aposta que essa suposta ausência do sexo é uma reprodução de como as pessoas lidam com as informações e com tudo que nos rodeia. Afinal, a sociedade atual vive mergulhado em um mar de hiperestímulo informacional a todo instante. É Netflix de um lado, Instagram do outro, Tinder embaixo e memes acima de todos.

A proliferação de conteúdos criam padrões a serem seguidos, até mesmo sobre a vida sexual: youtubers, bloggers, filmes e séries falam sobre aventuras sexuais, posições mais badass que as do Kama Sutra, lugares inusitados para transar. O público, é claro, imerso na sociedade do espetáculo, segue a onda em atitudes para manter a imagem e o status social. As consequências são previsíveis.
“A impressão que tenho é que todos ao meu redor transam mais, melhor e em posições mais diferentes do que eu. Involuntariamente, desenvolvi baixa autoestima por não me achar suficiente tanto para mim, como para o meu namorado”
Giulia Zanin, 20 anos, estudante de um cursinho para vestibular de Medicina. Ela namora há 2 anos e 8 meses.
Muitas perguntas ainda sem resposta, muitos tabus para serem combatidos. Esse é o panorama da juventude de hoje, seja ela mesmo transante ou não.
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