Economia

Inflação dos “rolês” dificulta a diversão dos jovens

Com os preços em alta, jovens têm cada vez mais dificuldade em participar de eventos sociais como as caras festas universitárias

Por Ana Paula Alves, Erick Azad, Felipe Monteleone, João Pedro Peracini, Lorena Ortega, Munir Borandi e Rodrigo Keller.

Festas universitárias, baladas, shows, entretenimento em geral, tudo está caro demais para qualquer um. Mas para os jovens, muitos que ainda nem recebem um salário, chega a ser impraticável. A diversão que deveria ser algo prazeroso, e parte vital da juventude, tem se tornado uma dor de cabeça. E até de exclusão. Afinal, quem pode ir toda semana a uma festa com ingressos que variam de 90 a 250 reais?

Giulia Troncoso Bonfanti foto: arquivo pessoal

“Das festas que vou, com certeza (o que mais custa é) o ingresso, porque a maioria é open bar. Mas se a gente for pensar em balada, o que mais gasta é a bebida”, diz a estudante de Jornalismo da Cásper Líbero, Giulia Troncoso Bonfanti, de 18 anos. Open bar são festas com ingressos caros, porém bebida liberada.

O estudante bolsista de Publicidade e Propaganda da Faculdade ESPM Thiago Micelli Pessoa, de 19 anos, conta: “Eu tenho descontos em algumas festas por ser bolsista. Porém, esses descontos não se aplicam aos ingressos VIPs. Para ir em uma festa, o desconto para o bolsista é essencial. Além disso, tento sempre comprar o quanto antes para economizar o máximo”.

Thiago ainda critica o custo proibitivo das festas. “O ambiente de faculdades particulares como a ESPM, Ibmec, FGV, Insper, entre outras, é muito elitizado e composto por pessoas com condições financeiras muito boas . Então, os alunos conseguem ter um gasto maior com festas, bebidas e outras formas de entretenimento”, diz.

Em relação à compra de ingressos, estudantes ouvidos pela Factual900 disseram que alguns recorrem à meia-entrada ou a pacotes VIPs, mas há aqueles que prefiram pagar o preço cheio. “Comuns, até porque os últimos eventos que fui os ingressos foram de graça”, afirmou Alexandre Ferreira (25 anos), que cursa licenciatura em História na Uninter. Já Giulia responde: “Quando há disponibilidade do VIP, é o VIP”.

Custo da mobilidade

Outro ponto de impacto no custo de vida dos jovens é o preço da gasolina e o aumento do preço das viagens de motoristas de aplicativos. A média atual do preço da gasolina  é de 7,23 reais. Do mundo pré-pandemia até os dias atuais, o combustível já sofreu aumentos de 44%. 

Um estudante gasta cerca de 44 reais em um período de 5 dias, utilizando o transporte público. Segundo Thiago, da ESPM, Uber e outros aplicativos de transporte estão muito caros no período da madrugada, portanto na volta das festas e baladas. Há a opção do metrô, mas às vezes ele já está fechado ou há sempre o risco de assaltos. 

A estudante de Farmácia da Universidade de São Paulo Nichole Marinho, de 18 anos, relata que o seu maior gasto é com o transporte. Por isso, ela tenta ir mais nos rolês dentro da USP.

Alexandre Ferreira, foto: arquivo pessoal

Alexandre Ferreira trabalha como auxiliar de escritório na empresa de finanças Euro 17 e faz estágio na inclusão de educação de jovens e adultos. O  dinheiro que recebe é usado para pagar os estudos na faculdade. Para estudantes como ele, é preciso adotar um planejamento financeiro para poder sair durante os fins de semana. “Talvez outros colegas bolsistas como eu tenham que se planejar, normalmente esses amigos são os que vão em festas com a frequência parecida com a minha, no máximo uma vez por mês. Já os outros, frequentam muito mais e não sentem a necessidade de se planejarem”, diz.