
“Homens Invisíveis”, a maior busca por povos isolados da Amazônia
O jornalista Leonencio Nossa aborda em livro uma das maiores expedições já realizadas para encontrar os territórios de indígenas até hoje não contatados
Por: Bruno dos Santos, João Gabriel Xerfan, Luís Felipe Matias, Matheus Roviezzo, Rhuan Teixeira
Em julho de 2002, a maioria dos olhares do País se voltava para um único evento: a Copa do Mundo no Japão e na Coreia do Sul. Já Leonencio Nossa era um dos poucos jornalistas a participar de uma das maiores expedições indigenistas da história do Brasil. Foram 105 dias de uma jornada chefiada pelo célebre sertanista Sydney Possuelo. Homens Invisíveis, livro resultado dessa expedição, conta a história de um grupo de 35 homens que tinha como missão encontrar os territórios de povos indígenas isolados da Amazônia.
Leonencio Nossa busca aproximar o leitor aos acontecimentos vivenciados pela equipe. Cada detalhe do dia-a-dia da expedição é relatado em seu livro. É como um diário do autor. Todos os locais, objetos e eventos são apresentados de maneira vívida, como no trecho: “O peso da mochila e o saco amarrado com cipó e tiras de cascas de árvore às costas dramatizam a caminhada. O tronco tombado sobre o igarapé e utilizado como ponte de travessia para outra margem é fino e escorregadio, cheio de líquens e musgos” .Tudo isso ancorado em um trabalho de pesquisa histórica e geográfica que ajuda o leitor a descobrir o contexto e o passado da região.
O autor optou por traçar um perfil de boa parte dos membros da expedição. A forma como cada um lida com a missão, sua função, histórias de vida e características físicas são muito bem retratadas no livro. Leonencio Nossa não rebaixa ou exalta ninguém, apenas relata o que observa. Até mesmo o sertanista Sydney Possuelo, que poderia ser tratado como um herói pela sua história, é apresentado como uma figura humana, com seus defeitos e suas virtudes.
Leonencio acaba por exceder na quantidade de contextualização e descrição em detrimento da continuidade da narrativa, tornando o texto, por vezes, monótono. É nas primeiras páginas de Homens Invisíveis que a história se desenrola mais. Isso pode acabar frustrando o leitor, que muitas vezes espera um estilo narrativo consistente em todo o texto. O que vai encontrar, em algumas páginas, é uma leitura cansativa, provocada sobretudo por informações que soam irrelevantes para a história.
Homens Invisíveis narra uma das mais importantes expedições dentro da Amazônia na história recente do Brasil. Leonencio Nossa sabe da responsabilidade que tem como autor dessa obra e descreve, com extrema qualidade, tudo o que ocorre nessa expedição.