Empoderamento feminino no trabalho
Como o empoderamento feminino influencia no mundo do trabalho
As mulheres no Brasil não podiam frequentar uma faculdade até antes de 1879. Pode soar coisa do passado. E é. Mas sabiam que até 1932 o voto era exclusivo dos homens? Esses marcos representam mais que conquistas. E se hoje o empoderamento feminino faz com que as mulheres sejam capazes de cursar o ensino superior e exercer o direito de cidadania foi porque, no passado, feministas questionaram o papel de dona de lar que era imposto a elas.
A luta feminina é legítima e tem como objetivo principal libertar-se do sistema patriarcal, onde não são ouvidas e não podem expressar suas opiniões. Hoje é comum encontrar mulheres trabalhando ou estudando, mas nem sempre foi assim.
Durante muito tempo o papel feminino era cuidar da casa, do marido e dos filhos. Hoje é comum ver mulheres trabalhando em grandes empresas, onde muitas vezes o cenário imposto se inverte e elas são as provedoras de seus próprios lares.
Embora já seja um avanço mulheres trabalharem, também importa como elas são vistas em seus empregos e como utilizam o empoderamento feminino no dia-a-dia. Algumas profissionais se identificam como feministas e aplicam a teoria em seus ofícios de trabalho. Já se tornou comum ver mulheres que procuram diminuir o machismo no ambiente de trabalho. A advogada Maria Inês Galvão, entrevistada pela Factual 900, trabalha no direito familiar e lida com muitos casos em que mulheres sofrem abuso psicológico e violência dentro de casa. Na maioria das vezes, as agressões partem de seus próprios maridos.
Factual 900: Desde quanto você se vê como feminista? Como aderiu ao movimento?
Maria Inês Galvão: Atuo há 10 anos na área cível, dando ênfase ao direito de família e sucessões, e nessa jornada sempre me vi defendendo o direito das mulheres de forma mais contundente. O processo judicial técnico ainda está longe de contemplar as decisões sob as perspectivas de desigualdade de gênero. Ser feminista faz a diferença na defesa de mulheres que são violadas, física, emocional e patrimonialmente. Diante disso, acredito que sempre fui feminista, ou seja, sempre tive atitudes feministas. Contudo, ter consciência do que é o movimento feminista e suas vertentes não faz muito tempo.
F900: Como você aplica o feminismo na advocacia familiar?
MIG: Primeiro, exercitando a empatia e o cuidado. Encaro o meu trabalho de defesa da mulher como cuidado e fortalecimento, orientando-as de forma minuciosa sobre seus direitos para que não sejam manipuladas ou se tornem reféns de comportamento machista. Ser profissional com engajamento feminista e admitir a desigualdade existente entre homem e a mulher é saber que o caminho a trilhar é longo. Por isso, dou muita importância aos temas que amparam o direito das mulheres, pois quanto maior o domínio melhor será a atuação na prática jurídica.
F900: O que é sororidade para você?
MIG: Sororidade é uma palavra de extrema importância, contudo, muitas mulheres nunca a ouviram e, se ouviram, não sabem o significado. A palavra imprime o espírito de união e amizade entre mulheres, se essa palavra fosse exercida em sua amplitude, o mundo feminino seria outro com certeza.
F900: Você tenta explicar para suas clientes os preceitos feministas?
MIG: Sim, explicar os preceitos feministas é uma forma de fortalecer a mulher, porque muitas vezes ela não tem consciência da sua história e do seu valor. Colocá-la num lugar de destaque onde consiga enxergar que ela tem autonomia, que é um direito inerente a ela enquanto pessoa, tentar empoderá-la, para que não se submeta à qualquer tipo de abuso praticado pelo homem, isso é motivador.