TSE comemora aumento de jovens nas eleições 2022
Nos quatro primeiros meses, o País ganhou 2.042.817 novos eleitores entre 16 e 18 anos
Por Caio Innocencio, Felipe Vitale, Gustavo Vignati, Leonardo Danza, Lucas Vito e Victor Wajnszten
Em mais uma eleição polarizada e indefinida, nunca a participação dos jovens foi tão disputada. E debatida. Para alguns, ela pode até fazer diferença no resultado das urnas. Nos últimos meses, celebridades do mundo pop vieram a público para convencer jovens de 16 e 17 anos a tirarem seus títulos eleitorais. Nessa linha de frente, estão artistas como Mark Ruffalo, Anitta, Pabllo Vittar e Emicida. Mas o que pensam e dizem os jovens?
O estudante Juan Pereira (16), do colégio Objetivo, decidiu não ceder aos apelos das estrelas para tirar seu título eleitoral. E ele justifica: “Por questão de o tempo estar muito apertado e o cenário político estar muito conturbado. Os candidatos de modo geral estão muito contraditórios, com ideias boas e ruins em todos”, afirma. E Juan não está sozinho. Segundo o IBGE e o TSE, apenas 1 a cada 5 jovens tiraram o título não-obrigatório.
Na última terça-feira (26), o astro de Hollywood Mark Ruffalo usou o Twitter para fazer um novo apelo para o voto dos jovens: “Hei, amigos no Brasil! Se você tem 16 ou 17 anos, certifique-se de registrar para votar antes do fim do prazo, no dia 4 de maio. O que acontece no Brasil importa para todos nós. Seu voto é seu poder. Use seu poder”, tuitou. Segundo o site G1, artistas como Juliette, Luísa Sonza, Bruna Marquezine e Zeca Pagodinho também aderiram a essa campanha pelo voto juvenil, encabeçada pela cantora Anitta. Em março, artistas como Emicida e Jão subiram ao palco do Lollapalooza para fazer o mesmo apelo.
Como em todos os anos de eleição, houve uma corrida para tirar o título, já que o prazo se encerrou em 4 de maio. Em março, aumentou em 26% o número de jovens que possuem o título em relação ao mês anterior. No dia 5 de maio, o TSE informou que superou todos os recordes com 2.042.817 novos eleitores entre 16 e 18 anos. O número representou um aumento de 47,2% em relação às Eleições 2018 e 57,4% aos quatro primeiros meses de 2014.
Olívia Okamura, de 16 anos, também estudante no colégio Objetivo, foi um dos jovens que diz estar decidida a exercer o direito do voto neste ano. “Acredito que apesar de eu não ter 18 anos e não ter a obrigatoriedade de votar, acho que é muito importante”, disse a jovem. “Independentemente da situação, eu votaria e expressaria minha opinião, incentivando outras pessoas a votarem também.”
Nas duas últimas eleições, as de 2018 e 2014, houve menos jovens interessados em se alistar para participar das eleições. Entre janeiro e março deste ano, foram 1.144.181 novos eleitores na faixa dos 15 aos 18 anos. “Neste ano, pela primeira vez, a campanha contou com a adesão espontânea de artistas e influenciadores, que dialogam diretamente com esse eleitorado, o que ajudou a impulsionar esses números”, afirmou o cientista político e analista do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Diogo Cruvinel, para o site do TSE.
Por trás dessa campanha de artistas e celebridades para que jovens tirem o título eleitoral, está a vontade de que aconteça no Brasil a mesma situação ocorrida nos Estados Unidos. Nas eleições presidenciais de 2020, houve uma “avalanche millennial”, segundo a revista Veja, que foi determinante para que Joe Biden derrotasse Donald Trump. O comparecimento em massa dos jovens fez com que o democrata vencesse o então presidente republicano.
Embora tirar o título seja considerado um procedimento simples – podendo ser tirado tanto online, quanto presencial – existem casos isolados como o de Gabriel Di Sena (16). “Eu tenho problema de nacionalidade, não nasci no Brasil, nasci no Nepal e para tirar meu título de eleitor, necessito de uma quantidade muito maior de burocracia e papelada do que quem nasceu em solo brasileiro”, afirmou o jovem, que é filho de brasileiros.
Veja o vídeo da Factual900 sobre a importância do título eleitoral:
Para tirar seu título, clique aqui.